A TODOS OS POETAS
Pintamos com nossas cores os sentimentos,
e aqueles congelados momentos
a que damos vida e emprestamos sonhos.
Eternizamos subtilezas
em cronogramas intemporais,
que musicamos com a nossa voz.
Ao que já era, damos foco
e, com sorte, substância e ritmo,
luz e sombra, em suaves alternâncias.
Temos conosco uma responsabilidade acrescentada
por essa consciência mais que física,
de quem interpreta a vida em etéreas vibrações
de suaves consonâncias,
acrescentando-lhe algo além da beleza.
È isso que fazemos, em persistentes onanismos
rebuscados de canetas e teclas...
Dando-lhe nome,
fazemos poesia em prazerosas dores e vagares,
e inevitáveis fascínios pessoais,
em renovadas vagas de repetição,
que mais não são
do que uma tautologia,
um outro foco, uma outra sintonia,
uma mesma velha coisa
numa outra maneira de dizer...
Algo que toda a gente já via,
mas não conseguia ver !
Mas o que não temos ainda, e nunca teremos,
é a poesia, ela mesma....
Ela, algo que não se pesa, nem se vê,
e da qual não somos donos, nem amos
-apenas a acordamos,
em quem nos lê...
Ou não !...
27 de Maio 2007