MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
Poentes


 
As mãos acenavam
A chegada do velório
Postiço que se abria
No convés chocado
Deveria haver mais
Alguém
Entre elas
Todas elas pareciam mortas
Sufocadas
Dentro da  pequena
Caravela
Que velava uma descoberta
Havia teias de aranha
Por coberta
Suas têmporas
Falavam mais
Do que mais
Se havia de ver
Entre tudo que estava
Pra ser refletido
Do que haveriam de trazer
A Ordem recebe
As traidoras
Como aventureiras
Sem destino
Traziam um vaso contido
De algo proibido
Coberto de outra cor
Repintado
Pra esquecer o fatídico
Que estava vertido
Da proa
Até onde elas dormiam
A única entre elas
Uma Troiana
De cabelos pretos
A face tão alva
Que desafiava a neve
Guiava o séquito
Perdido até a margem
Olhando resistindo
Por olhar
As contrutoras do destino
Esperando atracar
O vesúvio
Que se expandia
Tragam as formas
Despossuídas
De minha vontade
Lilith ordenava
Aos quatro ventos
Não há vingança
Minha lança apagará
O recado investido
De Dévora
Antes do suicídio
As Raptoras do vale
E as demais mundanas
Foram levadas
Aos banhos
No charco das termais
Da colina
Onde nascem
As mirras agri-doces
Sagradas
comem os frutos
entre raízes da casa
dormirão na caverna alada
pela vassidão
que confirmam
ainda ter nos olhos
saberão n’outro dia
pelo espíriito gritante
a decisão
que as leverá até o templo
da Ordem
deverão estar vestidas
com togas escuras
a rubra pertence
a Troiana entre elas
que as trouxe seguras
e famintas
ansiadas de dúvidas
farão as perguntas
deitadas no mármore
perto da pira sem luz
ouvirão a voz
da Permitida
que vigiava suas vocações
desde a muito
Lilith sabia
Onde iam
Porque se vendiam
a escuridão
Sabendo que Seth
Impõe veneno
A quem desafia sua vontade
A piedade não existe
Nem na Ordem
O que podem
Não tem regras a seguir
O que não podem
De certo sabiam
Onde foram interferir
As Mortas tiveram
Seu destino selado
Os perdidos mortos-vivos
Não mais falam
A festa e o banquete
São escolhidos
A escolhida nunca
Deverá ser antes possuída
Dévora usou seu diamente
Polido
Pra ter o Descido
Na ceia que Baco
É sempre o Deus
hipnótico do limbo
Aqui se desfaz todo séquito
E as almas
Do sangue que ainda verte
Pensamentos
Minhas herdeiras
As levarão a torre
Onde tecerão véus
E arranjos p'ras noites
de núpcias
Atenderão as volúpias
Terão o lago
Da fonte
E a caverna do monte
Por abrigo
Lilith sabe do cansaço
Que permeia suas mentes
Elas retiram as togas
E nuas recebem
As rainhuras no ventre
Do Lábrys
Que se apresenta
Ao que elas
Por dever tenham
Sido capazes de fazer
E apartir de então
Mais nada
As ofenda
Vinga a abertura
Do portal que se fecha
Do que restou
Lilith impõe-se
Entre as Monas e todas
As que se plantam a seu redor
Serão colhidas
Quando estiver perto
Da primavera
Serão trazidas
P’ra outro luar que as espera.