Fim de romance

    

Por dentro ficou uma pequena e sombria sala trancada, onde eu me consumia.
Senti faltar-me o ar, sufocada, chorei depois adormeci. Sonhei que eu tinha alma de quintal, depois rua, vilarejo. Misturei-me à tudo, me fiz vida, me fiz asas sem seus beijos. Corri os prados, conheci as cores das flores na primavera. Borboleta fui, e como sonhei, salvei as minhas janelas, as portas, essas eu quebrei. Fui inverno, nas ribanceiras, sentada desolada chorei. Fui sol, no verão, me queimei. Perdida nas estações, nada me chamava mais a atenção, do que as folhas secas caindo que encontrei, me reportando aos caminhos por onde andei, olhando para elas, admirada.

Lembranças das veredas nas quais me perdi, muitas vezes acreditando e sorrindo. 
Não quero mais traduzir nada, nem o barulho da chuva que sempre me parece nova, que bate forte às janelas do tempo.

Ah quantos sonhos se derramam ainda aqui por dentro, Inundando a minha alma que vaga por entre milhões de imagens que clareiam os recônditos da minha imaginação, quebrando silêncios. Outono sou, as próprias folhas secas caindo, agora me sinto... De olhos fechados, sou eu, assim levada pelos ventos, devagar, vou, acalmando todos os meus pensamentos.Preciso me curar, preciso desistir de verdade do amor, para em meu silêncio continuar a amar sem nada do amor esperar. Não está sendo fácil, mas na vida quero encontrar as estações nesse fim de romance que encerra o meu sonho.
 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 10/11/2014
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T5029870
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.