Experimentar
Quero experimentar
Quero voar sem asas
Quero rir das desgraças
Quero ir sem voltar
Quero aprender a mergulhar
Morder boca de tubarão
Entrar no olho do furacão
Quero beber sem me embebedar
Quero entrar num jato
Rodopiar e vomitar
Quero ficar a mercê
Mesmo sem saber o porquê
Mas não quero sentir medo
Disso quero distância
Me mostra minha insignificância
E com ela sou este verme obsoleto
Quero fluir
Abrir e fechar
Quero cair
Sorrir e levantar
Quero mais e mais
Olhar por debaixo da porta
E ali ficar gritando por horas e horas
Até não querer mais
Quero pisar no meu próprio pé
Imitar o saci
Me esconder no rio
Depois plantar um Ipê
Quero dormir e descansar
Que seja uma manhã inteira
ou até a luz se apagar
Quero que seja de qualquer maneira
Que seja!
Que eu veja!
Que eu esteja!