Em paz
tua imagem; a cor de tudo em que eu punha os olhos
tua fotografia; memória dos dias do coração bom
tua lembrança; cheiro da poeira que o tempo não varreu
teu abraço; os dedos que eu soubera de cor
teu andar apressado nos paralelepípedos
as frases que terminam com mudez desajeitada
a rotação na tua circunferência, o toque completo
o translado dos braços que dançam em parábola
a incongruência, a incógnita, a ignomínia
nossa charada tresloucada, passos e acasos
e coisas simples como sentir, como doer
a despedida, as promessas, as contradições
a surpresa, repensar, reescrever, de novo você
sem pretensão de ser, como um nó que se desfaz
só queria dizer -como é que vai
se não vai, como então que fica
e se for, que vá em paz