O POEMA
Venham! Venham logo!
Cheguem mais perto,
palavras amadas.
Palavras sonoras de minha língua materna,
aquelas que balbuciei em menina,
com as quais expressei a alegria e a dor.
Saltem de meu peito,
porque preciso respirar;
saiam de mim
e tornem-se livres...
Formem um poema,
que seja belo e forte;
comovente e terno;
que espalhe no vento
um grito de repúdio à guerra
e uma invocação à paz.
Que ele suba a montanha
e despeje letras em forma de cascata;
desça o rio, entregando-se ao mar;
busque uma praia deserta esquecida,
sem a devastação causada pela civilização;
Canta, Poema,
o agricultor a lavrar a terra,
o missionário, que engrandece todos os homens
e os encantados, que embelezam nossas vidas.
Acompanha os tuaregues,
a atravessarem lentamente o deserto
e bendiz as crianças,
que fazem tudo valer a pena.
Voa com o louva-a-deus,
sacode as folhas das palmeiras.
Depois beija os meus lábios
e faze-me adormecer.