Flores de plástico
Alguns são flores
Outros veneno
Uns no jardim, outras já mortas, em vasos velhos
Outros em taças de gente ou campos gigantes
Os primeiros lindos
Podem não embelezar
Ou só contagiam
Os segundos distintos
Um pode embriagar
Ou só contaminam
Alguns de plástico fabricado
Pra enganar o olhar distante
Alguns de fato, plantados
Pra encantar o cuidador, elegante
Alguns de gosto indelicado, paladar frustrado e abominante
Alguns de aroma adocicado e frisante
Todos do mesmo produto
Todos opostos e irmãos
Mas o mesmo conteúdo
Uma flor falsa desencanta boa vida
Um veneno bem dosado mal não faz
Tem gente que é flor e machuca gente
Rosa, roseira, espinho de castanheira
Tem gente que tem veneno e vicia a mente
Cama, corpo, beco ou boca inteira