Retorcido

I

Pleno na relva sólida do sonho,

Trapos na estrada - bravo catavento,

Mesmas sucatas vivas desta terra.

Já que se anula a treva dissonante

Ao bíblico bocejo da manhã,

clara, no berço, a faca de catástrofe

Movia, solitária, a cabeleira.

Mijo eterno de Júpiter no galo.

Não veio e não virá do engano a mímica,

Somente na calçada alguns resíduos

Da cantoria morta, contemplada.

II

Retiram-se as cabeças oceânicas,

Antes imóveis, do sistema em bruma

Pois que é inexato, revelando acúleos.

Sumir na chama, cova em gruta, espírito

Bordado: Grão somente, embora grão.

Rosa simétrica (sem ventos) sem

Pulmão, ora alimenta, ora anoitece.

Mão de moça por si conforta a casa

Ou emagrece a tarde, a noite,

o dia.

O medo cresce no jardim ao lado.

Encontro o mesmo sonho em cor, soluto,

e a graça volve a risco, mel e vulto

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 05/11/2014
Reeditado em 07/11/2014
Código do texto: T5024700
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