VERSOS ÍNTIMOS (Relembrando Augusto dos Anjos)
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera,
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável.
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fosforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija.
Pau d'Arco -1901. Augusto de Carvalho Rodrgiues os Anjos nasceu a 20.04.1884 em Engenho Pau d'Arco (Vila do Espírito Santo), PARAÍBA.
e começou a compor os seus versos aos 7anos. Formou-se em Direito. Faleceu de pneumonia em a 12 de dezembro de 1914 Em 1912 havia publicado EU, seu único livro de poemas, uma das obras-primas da literatura brasleira. Em 1919, sairia o volume póstumo intitulado EU e outras poesias.