Módulos
Esvazio-me inteira,
desaguo em águas de profundidade mórbida,
mas eu estou aqui.
Expondo-me,
me imponho,
destoando do resto do conjunto.
Sou tão assim que nem poderia descrever-me,
mas com um mar revolto não ficarei só.
Como o mar que envolve histórias profundas de tantas eras e dias
e idas e vindas,
nunca poderei dizer em que parte disso ficou minha voz.
E as ondas que teimam em levar embora tudo que eu guardei.
Eu devia ter me calado quando me mandaram,
mas como me calar se jamais fiz isso?
Eu aqui,
de pé,
sozinha,
turbilhão de mim...
Mantos de cores escuras,
noite escura,
dias sem cores.
fim de mim,
fim de vidas que se secam ao canto de um pássaro triste e sem rumo. Eu,
cansada de tantos ais,
quedo-me ao som de sua voz doce e rouca,
te espero, cândidos olhos claros.
Porque você não olha pra mim?
Módulos de imensos casos passados por ondas que nem sei se vão ou se ficam.
Despida de tudo que me fez querer algo,
ando em vão,
nada me atrai.
Mas não me despi de te querer.