A bailarina


Ah, se tu soubesses o “frisson” que me causas,
ao te ver, sobre a ponta dos pés, em voluteios,
na expectativa de, contido o arfar de teus seios,
te curvares aos aplausos finais, em breve pausa.

Encenas “demi-plié” e “grand jeté”, sucessão gestual,
Quando tuas mãos alças aos céus, em tuas axilas
Sinto teu ventre, o olor que dele suave destilas,
Instando a que me inebrie, convidativa, sensual.

Quando me louvas com “pas de deux”, sobre o pistilo
De incontidos desejos, entre passos e coreografias,
Entre os rodopios de tua postura, és pura poesia,
Que se apresenta exclusiva para mim, com estilo.

Nesta breve sucessão de “tendu” e “arabesques”,
Alternando “en avant”, “en arrière” e “”à la second”,
Enlouqueces-me com as variações em que te escondes,
Culminando em “passés”, “attitudes”, “sissones” e “pirouettes”.

E cerramos as cortinas do palco, cheios de emoção,
Tomo-te nos braços, dispo-te do tutu de bailarina,
Dispo teus pés da sapatilha, faço-te de novo menina,
Beijo-os, como a todo teu corpo, repleto de paixão.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 04/11/2014
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