NEVOEIRO
meus olhos fecham...
as pálpebras pesam...
da alma emana um nevoeiro
acinzentando a realidade...
um sono me invade
percorrendo as artérias
que pulsam na emoção
de percorrer um sonho...
durmo distendida do nada...
nada vejo, nada ouço, nada sinto...
a realidade me abandona
em um mundo que não tem nome...
morro por fora
queimada pelo desejo,
chamuscada pela glória
que só o infinito me dá...
durmo para acordar
na realidade do meu sonho
potente e pulsante
na carne que vibra...
não sou nada nem ninguém
nem imito atos nem ações...
permaneço estática no movimento,
só no coração, o sentimento...
percorro o labirinto da emoção,
invado a sedução da fascinação
no chafariz que jorra a ilusão
na montanha perversa do coração...
minhas mãos se erguem
na tentativa de um abraço...
mas não há ninguém...
infinito vazio da imensidão!
meus olhos se fecham
na tentativa de viver
e sentir e caminhar
pela estrada tortuosa da emoção...
hoje, aqui, agora,
no momento do suspiro,
no momento do ato
que provoca a ação...
não acordar, não ver...
até não saber...
perder-me no movimento do irracional...
apenas a sedução fatal...
o nevoeiro se adensa
no horizonte cristalino...
chuva de sentimento
alaga o coração...