NEVOEIRO

meus olhos fecham...

as pálpebras pesam...

da alma emana um nevoeiro

acinzentando a realidade...

um sono me invade

percorrendo as artérias

que pulsam na emoção

de percorrer um sonho...

durmo distendida do nada...

nada vejo, nada ouço, nada sinto...

a realidade me abandona

em um mundo que não tem nome...

morro por fora

queimada pelo desejo,

chamuscada pela glória

que só o infinito me dá...

durmo para acordar

na realidade do meu sonho

potente e pulsante

na carne que vibra...

não sou nada nem ninguém

nem imito atos nem ações...

permaneço estática no movimento,

só no coração, o sentimento...

percorro o labirinto da emoção,

invado a sedução da fascinação

no chafariz que jorra a ilusão

na montanha perversa do coração...

minhas mãos se erguem

na tentativa de um abraço...

mas não há ninguém...

infinito vazio da imensidão!

meus olhos se fecham

na tentativa de viver

e sentir e caminhar

pela estrada tortuosa da emoção...

hoje, aqui, agora,

no momento do suspiro,

no momento do ato

que provoca a ação...

não acordar, não ver...

até não saber...

perder-me no movimento do irracional...

apenas a sedução fatal...

o nevoeiro se adensa

no horizonte cristalino...

chuva de sentimento

alaga o coração...

carline
Enviado por carline em 04/11/2014
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