FILOSOFIA DO NADA

Hoje beberei um espumante
em homenagem a mim,
pelo tanto que te amei,
pelas dúvidas, pelo instante
inusitado do amor sem lei
que tive. Brindarei o fim

que ousamos nos dar na relação;
sem traumas, sem queixas.
O fim que demos sem desejar,
sem consultas ao coração,
movidos apenas pelo medo de se dar,
indefesos: "parto se me deixas".

Hoje, beberei um espumante
em homenagem a ti,
pelo tanto que me amaste,
pelas retiscências e a inconstante
presença nas idas e no contraste,
motivos pelos quais parti.

No exílio do amor, essa dor
de doer distante da coisa amada,
pode haver um arrependimento,
uma falta, um descuido do desamor.
No meu peito, puro constrangimento
a relembrar que o futuro será nada.