de definições

Escrevo versos, o mar não.

Apenas olha a vida,

com seus olhinhos de lágrimas.

Tenho inveja do mar,

queria olhar sem sentir,

sem me alterar pelo que vejo.

A lua em sua majestade pálida,

apenas presencia os acontecimentos,

sem opinar.

Também invejo-a,

não tem cuidado nenhum.

Queria não pensar.

Os pássaros cantam sem se preocupar com a noite ou o dia,

sem desassossegos.

À noite,

quando o breu cobre o universo,

meu pensamento divaga,

se expande,

vai além de mim,

quer inventar uma forma de não sofrer,

de não perder,

de ser sem se cansar.

Desesperadamente queria ter respostas para a vida.

Sim,

escrevo versos,

as flores não.

É que as flores não pensam no mal que invade assustadoramente a atmosfera,

na fúria incansável de ter que suplanta o ser,

a vida.

Quem me dera não ter cuidado com esses pormenores,

não me dar ao trabalho de pensar na facilidade com que as pessoas pisam nos sentimentos da gente,

não sofrer por isso.

E a tranquilidade que as pessoas têm ao mentir?

Definitivamente eu queira ser uma árvore,

um rio,

uma poça d'água...