E A VIDA CONTINUA
Há um mundo pequeno.
Há um universo infinito.
Existem coisas que eu não sei.
E coisas que jamais saberei.
Mas sei que a minha ignorância
me faz avançar para além de todas as sombras.
Porque sempre haverá uma luz em algum lugar.
E essa luz pode estar agora dentro de você.
Sim. Na verdade, está.
Tudo o que você tem a fazer é deixar que ela brilhe.
E para a sua luz brilhar há que se acender fagulhas no coração.
E ter olhos de estrela.
E enxergar para além das miudezas do mundo.
Para além de todas as mesquinhas disputas pelo poder.
Porque o poder sem amor e sem sabedoria é nada.
Poder sem poesia não rima com o amanhecer de um novo dia.
Sei que há mundos enormes.
E sei que há incertezas maiores ainda.
Mas para além da incerteza existe a fé e a confiança
inabaláveis no poder criador do homem que não se apequena.
Que não se verga diante da mentira.
Que tem um compromisso com a verdade,
feito a montanha que não se abala.
A verdade dos rios que não se apressam.
Sempre ali, sempre além. Sempre os mesmos e nunca iguais.
Sei que há um rio que corre sempre em frente.
O rio da boa vontade dos que sabem o valor de um sorriso,
de um gesto simples feito o afago de um abraço amigo.
Há momentos em que não sei de nada.
Nesse lapso, medito e me abro ao impossível.
Sei que existe um lago tranquilo onde se espelham as ternuras.
Sei que há um pássaro de voo leve que viaja comigo.
O pássaro do sonho que paira acima do bem e do mal.
Sei que há um poema que se eterniza num único verso.
Sei que existe a dor. Sei que existe o medo.
Mas a coragem anestesia a dor e o medo se acaba.
Mas a vida continua.
E sei que o infinito pode estar aqui nesse ponto final.
E sempre há um recomeço.
Um retorno à fonte original.