MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
No âmago da Ordem

 
 
Seth entre os céus
Do algoz venal
Declama sua poesia
Sobre a terra dos domínios
que deram o nome
de mal
a todo contrário de si
a natureza de um Deus
desconhece
o que os seus possam
querer ser
o que deve crescer
terá sido plantado
antes
o cuidado não é acaso
o acaso nada corrompe
o que irrompe
só vagará perdido
se for querido
e permitido desde cedo
o amor acolhe a força
pressente a dor vinda
nada deserta
do que foi colhido
as certezas se acomodam
nas cercas que constroem
sozinhas
Lilith é a primavera
De todo jardim
O templo não pode ser
Invadido
Por nenhuma outra
Forma
As normas abertas
Fluem como águas
São fontes eternas
Seguem o inaudito
Que é poder sem oferendas
A aliança com Deuses
Não cresce desprevenida
Sabe da descida
De um deles
Sabe da vertente que bebe
Semente pretendida
O que desce p’ro caos
Entenderá
De onde veio
Estará no seio
Nada determinado
As ceias dormidas
Pro outro dia servidas
Terão já o gosto possuído
O Descido é sempre
O fim do caos
A escolhida das videiras
Nascerá de novo
A perdida no frio
Do claustro
Será um sonho de menina
A torre de mármore
Janelas douradas
Vitrais espelhados
Reflexo
Do que tudo no exterior
Pertence a Ordem criadora
Lilith e as filhas
De Pândora
As Mônadas do sânscrito
Que se ergue no centro
Uma pira acesa
Fogo de luz eterna
Observa as cavernas
E os pueris que nada consomem
O eterno conduz
Em ilhas flutuantes
Aquelas sem dúvidas
 preparadas
Ao convite do Descido
O que advinda desta
vida
 Nasce pra ser
O elemento de toda causa
O filho da obra
O equilibrio das orlas
A princesa dos mestres
A sacerdotiza do templo
Herdeira do vento
Que traz as correntes
Antigas
Aos protegidos de Seth
Pai da guerra
Que convoca os vermes
E os abutres da colina
P’ro que for corrompido
Permitiu a Ordem
Recolher a intrusa
Que se usa
De sua magia
Pra ter um filho reinando
Converter toda ordem
Dos terrenos
Num séquito da violação
Queimará sua vontade
Entre aquelas que divertem
as festas
O velho do castelo
Abre as portas
A estandarte de Ankh
Está invertida
As lágrimas escorridas
Na colina
Vertiam pétalas encantadas
Que ele jogava
Dizendo
A menina do distúrbio
Dos livres
Agora vive no p’ra sempre
Das vertigens
Toda procura será em vão
Ela me deixou sua pedra
De Opala
E as ervas do delta do Nilo
Colhidas a muito
Deixo a vontade da Ordem
A sacerdotiza do templo
As colocará
Na criptas-morten
a caverna abaixo da pira
Seu simbolo pertecerá
Aos vacilos
E a ira das volúpias
Será escrita na vértice
De cima
Aqui jaz a hiperbórea
Sem máscara
Dévora a abrupta
dos finitos.