Vidas Secas
Vidas Secas
Sob as pegadas do tempo dormem sonhos abortados; desejos cruelmente assassinados; paixões incineradas pelo fogo que já não arde; amores asfixiados pela poeira densa do tédio, da monotonia, da distância do que está intocavelmente tão perto.
Vidas secas!
Sob as pegadas do tempo há tantos sorrisos enferrujados; tantos abraços paralisados pela distância de braços que nunca conseguiram encostar; tanta delicadeza atrofiada pela
impossibilidade de se manifestar; tanta doçura azeda pelo fel de palavras amargas; tantas almas amordaçadas por tudo que tiveram de silenciar.
Vidas Secas!
Ainda assim a esperança semeia possibilidades sobre esse
solo aparentemente estéril, seco, infértil, inóspito, fazendo brotar lindos canteiros de margaridas brancas, que renasceram para provar que há coisas que a morte não é capaz de calar.