NAS LINHAS DE BORDU’S

 
Trapos velhos
enfumaçados
as coisas do polidor
dos brejos citadinos
num canto qualquer
podia se ver
que ele deixou de viver
que não amanhecia
tinteiros vazios
raspados
como lágrimas
suadas da espera
que nunca vem
se deteve a ilustrar
em preto e branco
havia algo no flanco
defendido por uma porta
trancada por fora
sem chave
parecia pregada
um calço de escora
muito estranho
o vento trazia
o odor agudo de bebida
a masca do boralho
já queimado
algo ainda queimando
de certo proibido
pelo visto do guarda
se descobre o vacilo
ele dormia tranquilo
no sofá de couro
em desenhos
costurados
cor de vinho
adormece os olhos do vigia
tudo parecia frio
arrepio por perto
o sangue escorrido
ainda caminhava
p’ra perto
os sapatos velhos
encharcados
toca-se o úmido perverso
de cor vermelha
um rubro calado
destilado de corpo
jazia sua pernas
mas ele apenas dormia
nenhum ronco se ouvia
o que sentia
batia no pulso
com a calma do urso
no inverno
o homem da escada
que não sabia de nada
abre uma porta avulsa
que o corredor mostra
um corpo desfigurado
jogado
alguém se atirou
depois do fátidico
será pensa ser
outro artifício
desta vez não era
uma faca comum
batizava aquele nenhum
que nada podia falar
pelo tempo determinado
que determina sapiência
já era tarde
antes do sono
de quem dorme lá em cima
deveria ter descido
pelo que dormia
por dentro
nada viu do solo
pintado de falência
o terror da tarde
a busca do covarde
era então mais um
caso que será descrito
na esteira das folhas
outro capítulo.