MIRAGEM
das entranhas sai angústia
e da carne sai o desejo...
turbilhão do desespero
que ecoa no ar do tédio...
o gritar estrangula
o ar seco, o ar gélido
que congela o hálito
do contato humano de animal...
faminto e desconsolado
na fauna humana inconsolável
da travessia catastrófica
do arco-íris ilusionista...
um grito parado no ar!
um grito de angústia,
um grito de desespero
ilhado no abismo da solidão...
ergue-se as mãos...
uma lágrima escorre pela face...
como está frio!
a vida do desamor...
ser cego para poder ver
o sonho, a magia,
o mundo da ilusão,
a realidade da imaginação...
a vida grita que não...
quem vê não tem volta...
não adianta saber
porque o saber é infeliz...
o vendaval congela a vida
na esperança vã de progredir...
a fera encurralada
morre afogada na lágrima...
um grito parado no ar
na angústia de estar no meio do nada...
um deserto infinito
que apodrece os sentidos...
sentidos de sentir
a nascente transbordar...
se aquecer ao sol
e invadir a miragem dos sonhos...