Nós, por exemplo
Tão de repente,
um tanto desacerbado,
que meus olhos te miram tanto,
e eu te amo calado tanto.
Nos embalos dessa bossa nova meio rockabilly,
Componho incertos achismos de nós dois.
Eu busco a cada instante inspiração pra ti,
Procuro rimas no alfabeto de nós dois,
mas eles não me veem.
E eu que sou tão inconstante,
busco iguais estrofes,
tento um soneto,
talvez uma prosinha,
nada me vem.
Porém não preciso regrar pra dosar tal amor.
Recito versos pálidos e sem cor,
Tomo um porre de café amargo,
Te componho ao som da chuva.
Mas guardo apenas na lembrança,
Andar de mãos dadas regando o mais fúnebre encanto por teus braços.
Sentir o cheiro do mato do teu perfume.
Você toca meus sonhos e eu te amo tão manso.
Tua voz ecoa macia sobre meus ouvidos em cada fermata.
E tenho a lembrança acalante e calada de uns alguéns.
Nós, por exemplo.
Marinara Sena
31/10/2014
11:43