Dentro de mim

As vezes indago a mim mesmo...

Olhando para um lugar qualquer

Onde anda aquela menina cheia de ilusão

Que achava o céu tão perto que poderia

pegar a lua subindo mais um degrau.

Onde andará ela...

Aquela menina que brincava com bonecas

que corria em pegas e barra bandeiras

Aquela que sonhava em ser marinheira e

desvendar os mares e as maravilhas do mundo.

Que quis ser professora, veterinária, médica e

que a vida levou para caminhos diferentes.

Onde andará aquela menina que tinha em suas

mãos a responsabilidade de adulto...

E em seus sonhos as ilusões da mocidade.

Olhando bem continua aqui...

Continua achando o céu perto e que basta

estender a mão e pegará a lua.

Aquela menina que cresceu nas dores da vida

aprendeu que crescer não quer dizer deixar de

sonhar, de ter ilusões.

Ela aprendeu que amores vem e vão e que as

chegadas são maravilhosas e as partidas são

sempre tristes e por isto ela terá que aproveitar

sempre o "enquanto" para ser feliz. Aprendeu

que rusgas até nos fazem ficar mais bonitas, se

damos a elas o seu valor,

Aquela menina aprendeu que crescer dói, que traz

sofrimentos e dias amargos, mas aprendeu também

que a toda tempestade sobrevêm uma calmaria.

Que a dor não precisa ser necessariamente sofrimento.

A menina aprendeu com o amor que amar faz bem e

que ele é eterno ainda que finito. E que distância, cor,

credo, religião, etnia não faz diferença quando existe

amor e quando a alma não é pequena.

Aquela menina tornou-se mulher com a sabedoria dos que lhe amaram e aos quais ela amou. Aquela menina tornou-se adulta, mas não morreu, continuou a ser a menina que sonha, que vibra, que chora e canta de alegria por amar por ser amada. Aquela mulher tornou-se mais criança ao compreender que tem que ser feliz mesmo que para isto tenha

que voltar a ser criança a brincar de pega e barra bandeira.

Aquela mulher aprendeu que a vida é um jogo a ser jogado até o final da última partida e que o jogo é muito melhor quando se joga com alegria.

Aquela menina aprendeu a ser mulher.

Aquela mulher me ensinou a ser a menina.

E ai vejo que SOU EU. E que ainda estou aqui.

Dentro de mim.