SÚPLICAS À MORTE
Quão longínqua me será a vida?
será longo prazo que breve vai
ou curto tempo que longo fica?
Há-de levar-me aonde?
onde o nada habita
ou onde finda o horizonte?
O tempo se põe à prova
e a nota é sempre certa:
onde há vida, haverá cova,
quem ontem se ergueu ao sol
hoje debruçar-se-á sob terra,
Esse leito de origem fecunda,
vida e morte, teus dois confins,
se vida e morte lhes são oriundas,
suplico-te por mim:
Torna-me eterno, terra profunda,
como as flores de teu jardim,
que a tal morte nos confunda
e dê-nos vida invés de fim.