Carinho vegetal

Euna Britto de Oliveira

Cheguei em casa com um pedacinho de jardim nas mãos,

De jardim dos outros...

Era um furto tão miúdo

Que nem me apercebera da leveza da pena,

Mas era um furto.

Uma muda a mando de um gosto

Pelas plantas pendentes,

Essas que caem do alto dos muros

Soltando florzinhas...

As desse dia eram amarelas.

Junto, havia uma outra planta

Cujas folhas se envermelham

Se expostas ao sol

E se dá bem fora e dentro de casa.

Pra desencargo de consciência,

A planta furtada não vingou.

Frescura!

Escrúpulo!

Planta é de Deus

E Deus não é meu primo, é meu Pai!

Umas galhinhas,

Sempre poderei tirar

Para fazer render o verde!...

Já a violeta é minha,

Ganhei de presente, a violeta africana.

Apresso-me em molhar os vasos.

O moço da flora me explicou tudo direitinho:

Gosta de lugar claro, com iliuminação indireta.

Não se podem molhar as folhas

Nem ficar água no pratinho.

Molhar de preferência pela manhã,

Se possível pela mesma pessoa,

Para não alterar o tratamento.

Há quem use água morna...

Já coloquei água para mornar

Na pequenina chaleira de esmalte cor-de-vinho.

Adivinho que flores vão nascer,

Minha violeta africana!...

Água morna para a violeta,

Como se fosse pra lavar seus pés...

Carinho.

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 25/05/2007
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