Anoitece
Anoitece
Nas tuas, nas minhas ruas
Nuas
E o tempo se vai.
Apressa-te!
Ou não poderei agradar-te a fronte
Por onde fogem teus pensamentos
Nem alçar-te o voo das manhãs
De quietude
E rubor.
Apressa-me, amor
Porque o tempo se vai
Deixando um rastro branco nas cãs
E a plenitude dos ventres
Que já não mais desabrocham
Em flor
Sucumbem
Nos espaços que não ocupamos
De nós.
Apressemo-nos pois
Por todos os caminhos
Em desalinho.
Não há saída
Sem a travessia
Das marés.