A HISTÓRIA DE UM CRIME
Viajando sem destino certo, fui chegando a uma cidade pequena do interior, em frente a um bar, vi um aglomerado de pessoas, então resolvi aproximar-me para ver o que estava acontecendo. Fui me infiltrando em meio à multidão e lá no meio vi um homem com uma arma na mão e uma mulher caída sobre o chão toda cheia de sangue e com várias marcas de tiros pelo corpo. Nisso foi chegando a polícia e o delegado deu voz de prisão ao autor dos disparos. Então tomei frente ao assunto, pedi licença ao doutor e disse ao homem que nos contasse sua história, (o motivo que o levou a cometer aquele crime). O delegado consentiu que ele contasse, o povo parou para ouvi-lo e com um tom poético ele começou a nos contar:
_Eu vivia para ela,
Ela vivia pra mim,
A vida era um mar de rosas,
Era um amor sem fim,
Eu dormia nos seus braços
E acordava com seus beijos
Não tinha dor nem saudades
Era amor e desejos.
Mas um dia a solidão
Pôs meu coração na mira,
Foi quando eu descobri
Que tudo aquilo era mentira.
Que mentira caprichosa,
Que mentira mais mesquinha,
Ela mentiu que me amava,
Mentiu que era só minha,
Mas, depois de certo tempo
A verdade apareceu,
Então vi que aquele amor
Já não era mais só meu.
Por causa de outro homem
Ela deixou nosso lar
E foi viver junto com ele
Para nunca mais voltar.
Eu fiquei desconsolado
Perdido neste mundão
Distante dos seus carinhos
Sozinhos na solidão,
Pus o “trinta” na cintura
E saí a procurar
E também fiz uma jura:
Encontrando vou matar!
Eu deixei os meus princípios,
Me tornei um valentão
Porque o homem que é homem
Não aguenta uma traição...
Hoje encontrei essa ingrata
Está aí, doutor, ela no chão,
Sei que cometi um crime
Pode me pôr na prisão.