Num Dia Qualquer
Num dia qualquer
Vencida a espera
No único tempo permitido
Não seremos mais promessas
Sopros de vidas esvaziando-se na solidão
Ou nomes asfixiados em bilhetes secretos
Num dia qualquer
Extenuada a distância
Perverter-se-á a lógica, a sensatez.
Na penumbra, apenas nossos corações desnudos
E minhas carícias desvestindo-te em toques
Com uma ternura que desconheces
Num dia qualquer
Rasurados os papéis da razão
Que não nos escreveram juntos
Aliciaremos todas as previsões
E entre suspiros tolos, abraçar-nos-emos
Entregues, como ocasos dolentes em trigais
Num dia qualquer
Desfeitas todas as regras
Contrariando o dito, guiada apenas pelo sentido
Silenciar-te-ei com o ardor dos meus lábios
E seremos esquecidamente desvelo e desvario
Cobertos pelos sons dos nossos corpos
Num dia qualquer
Subvertida a ordem, enlaçadas as intenções
Serei leito para teus despudores e lascívias
Já não adormecerão entre os lençóis
Os desejos, gemidos e cheiros
Apartados da minha e da tua pele
Num dia qualquer
Alheios a censuras e veredictos
Libertos de todas as condicionais
Dir-me-ás teus sins, concordâncias
E teus olhos que são feitos de mim
Poderão se expor às auroras, sem temores
Num dia qualquer
Redesenhadas as linhas do destino
Plasmadas minhas mãos entre as tuas
Descerradas as pálpebras dos sonhos
Não decidirá o futuro, nem o acaso
Prescindiremos do tempo, eternizando-nos...
Fernanda Guimarães
Visite "De Amores e Saudades - Fernanda Guimarães":
www.fernandaguimaraes.com.br