Cicatrizes
De dor em dor
A gente vai calejando o coração
Nos calos ficam registros
De tristeza, perda, desilusão
Eles têm sabor de amargura
Nem sempre têm cura
São intransigentes
No coração a dor fica adormecida
Mas como uma ordinária intrometida
Desperta-se, magoa novamente
Eu já fui alegre, iludido
Hoje sou um poeta ferido
Confesso em letras minha dor
As palavras são leais companhias
Apaziguam meu sofrimento, agonia
Um santo literário remédio cicatrizador