A Descoberta
Um dia/
Não era tarde/
O sol já se encolhia atrás do horizonte/
Clamando a fonte/
Pelos versos da noite que se aproximava/
E para admirar o nascimento dessa essência/
Me assentei nas horas lentas/
A refletir como no meu quintal/
Acabei adormecendo/
Quando despertei/
Dei-me conta do cansaço/
Foi ai, que outra vez,
Mesmo em pedaços/
Segurei um livro/
Mas de súbito percebi/
Que Já não enxergava as letras/
Sem poder me conter/
Sai às ruas aflito/
Sob efeito de um grito/
Medo ou sem entender/
Procurei meus amigos/
Procurei o hospital/
Meio que sem jeito me disseram/
Que não tinha médico e coisa e tal/
Sem conseguir leito/
Tentava encontrar minha casa/
Mas a noite já estava acesa/
Essa cainhada me pareceu/
Mais do que um horror/
Pois eu, além de não enxergar/
Esqueci de tudo/
Me envolvi de pavor/
Pois já não sabia voltar/
Já não conseguia escutar/
Os cantos escuros eram os meus muros/
Eu só fazia relembrar/
Meu filho veio em meu socorro/
Ao mistério desvendar/
Quando sorrindo chamou-me de velho/
Como é que isso vai acontecendo com a gente/
Se se notar/
Lágrimas me vieram ao rosto/
Perguntei meio que sem entender/
Mas tudo em volta é um mistério/
E ninguém está preparado para o velho/
Nem mesmo a sociedade/
Que sempre parece não ter idade/
Mas foi bom te encontrar/
Assim tenho a certeza do lugar/