Cristina
Cristina riscou um fósforo
e ateou fogo em mim.
Estou em chamas,
queimo todas as noites.
Pela manhã quando acordo
bato as cinzas do meu colchão, e
jogo pela janela o que restou dos lençóis.
Estou tossindo
e a fumaça tem o cheiro do perfume dela.
Estou ardendo
submerso numa banheira de águas frias.
E as marcas no meu corpo que outrora o desejo escondia
ardem agora
como se quisessem me dizer o quanto sou humano,
vulnerável ao pecado
debruçado na minha cama de lençóis novos,
e brancos.
Meus curativos ainda secam
mas não tardar as luzes da noite invadirão o meu quarto
anunciando o que antecede ao assassinato.
E com o passar das horas,
as luzes dos cômodos darão lugar à ela
que riscará um outro fósforo
para me ver queimar.
terça-feira, 26 de agosto, 2014