Sandices Poéticas
Há às vezes em que as dores me incomodam
e as flores que não germinam impacientam-me
e, os sonhos que semeei inquietam-me;
resta-me o refúgio em uma caneta e um papel
virgem, disposto a entreter meus devaneios
que de momento são incontáveis súplicas,
sandices de poeta, incoerências de poemas
que retumbam no peito desde o amanhecer
até o anoitecer, e, o travesseiro repousa após
os relógios contarem as horas, minha rotina;
acordo às vezes e escrevo minhas dores,
elas se tornaram envelhecidas e crônicas
e, meus analgésicos são insuficientes;
resta-me o refúgio em páginas ainda em branco,
páginas insipidas que preencho à minha dor,
páginas escritas, infinitas poesias de amor,
versos extraviados que inda não sei de cor
e, a noite e o dia se misturam em minha estupidez
e, as alegorias nefastas enlevam à insensatez;
então me debruço à escrivaninha à meia luz
e deixo o vento varrer para longe minhas memórias.