GUERREIRO SOMBRIO
Soluços secos presos na garganta
Dor que oprime o peito cansado
Toda revolta de nada mais adianta
Acabou a luta, fui derrotado!!!
Pensei em tola arrogância vencer a morte
Acreditei nas ilusões que alimentei
Fui vencido sem contar com a sorte
Pelo terror que nos meus sonhos aninhei .
Prostrado, o peso dos erros se agiganta
Lutei batalhas perdidas contra o vento
(Herói lendário de uma cruzada santa)
Quixote teve razão em algum momento?
Triste cena, contemplo a mim mesmo
Fustigado pelo tardio arrependimento,
Sem rumo, sem alento, perdido a esmo
Guerreiro ferido busco esquecimento!
Prisioneiro de meu parco entendimento
Não projeto culpa alem do meu ego
Se não dei vistas a sensato argumento
Como posso então deixar de ser cego?
Lamento as vidas que perdi, alem da minha
Incauto proceder a que levei quem me seguia
Por isso hoje pago o preço: minha alma definha
No infortúnio em que matei a razão de minha alegria.
Sorrateiro vem cobrar o tempo, o que devo,
E em terror mudo me entrego a Verdade
Falar da dor extrema que sinto, nem me atrevo
Ao ver nos olhos amados a enorme saudade.
Maior castigo não há, eu afianço e asseguro,
Que do Bem Excelso ter tido a companhia
Na forma do amor de um alguém tão puro
E dele privado em auto infligida agonia.
Paladino caído, em si mesmo exilado
No hoje e no ontem se põe a pensar
Expia seus erros em séculos passados
Terá outra chance para não mais errar?