FLORES do CÉU

Procuro você na Cidade dos Anjos

onde as flores são notas musicais

derramadas nos sonhos

pelas fulminâncias do amor secreto

cuja sombra desperta leões

Pelas avenidas cruzadas de balas perdidas

vejo a Morte coberta num manto-prata

lendo as mãos dos jogadores de bocha

no bar aonde o homem-Pássaro

vai toda noite morrer

morrer

coberto das teias do fundo do cosmos

Será que o Príncipe-Corvo virá buscá-lo?

Do alto da fome alada

ele agoniza na floresta-marinha

repleta de piratas jogando dados

e recepcionando suicídas

eles chamam amores vazios

eles chamam

e os peixes riem

amores afiados

sedentos

da carne vestida

com as tintas alegóricas

do desejo incomunicável

sangram

sorrisos derramados de Amor

O Palácio do Governo vira Abóbora

e eu permaneço sentado na janela do sonho

pintando você com as flores do céu

II

Ah! tua beleza de galáxia transbordando cores

de flor escorrendo ouro nas gotas de chuva cheias de sol

inaugurando pecados levada pelos cavalos da aurora

famintos da carne amanteigada da mulher

A Rainha das Sereias acasaladas ou não sobre meteoros boiando no mar

persegue o navio tripulado apenas por um homem fazendo tranças nas labaredas

deusa e miragem você emerge do inferno das flores entre canções

trajando as brisas mais suaves

e no ritmo dos passos teus

o Amor é uma criança

dormindo em paz