Lembranças de Uma Alma Poeta

Já vi homens e reinos sucumbirem

ao tempo e ao sangue dos deuses

já vi a alma de meu corpo arrebatada

à várias mortes e ao renascimento.

Já vi a fome corroendo dignidades

e assolando os donos das cidades

e vi exércitos comerem a carne alheia

para saciarem o apetite de seus covardes.

Já vi a vida tenra ceifada pela espada

e a palavra deixada escondida sobrevivente

passada a pena e banhada em lágrimas

gritada de boca em boca por eternidades.

Somente o espírito sobreviveu e releu

todas as vitórias e derrotas de parcos embates

e foi fadado pelos seus karmas adquiridos

a retornar e guerrear pelos dias sem fim;

e no front de batalhas sanguinárias

generais inspiravam e matavam poetas

mas, restaram as cantigas dentro dos sonhos

recitadas pelos anjos que acariciavam meu olhar.

Já vi todas as estrofes das histórias da humanidade

e aceitei o fardo de com letras dar continuidade

aos registros e mitos semeados pelas eras

e resgatar do invisível os versos incendiados na guerra.

E enquanto eu puder morrer e renascer

farei meu leito entre as estrelas e os sóis

e aquecerei os corações já congelados

com as serestas que eu canto aos arrebóis.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 22/10/2014
Código do texto: T5007843
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