SERTÃO DE BELEZA E HUMILDADE
SERTÃO DE BELEZA E HUMILDADE
(Carlos Celso Uchôa Cavalcante=20/out.2014)
Tantas viagens eu fiz pelo sertão
Da minha terra, no nordeste quente,
Onde se via e vê-se veemente
Um povo a primar por seu rincão
Cada pedaço do rachado chão
Tem da natura o fiel suporte
A escassez de chuva, o verão,
E o sertanejo antes de tudo um forte.
Mesmo sem chuva, o grande umbuzeiro,
Com sua verde fronde se mostrando
Do aceiro da estrada ao ir passando
Eu via em meu percurso corriqueiro
Mandacaru, um cacto matreiro,
Entre arbustos. Ao vê-lo, qual quimera,
Num verde esmeraldino, alvissareiro,
Mostrando flores sem ser primavera.
O meu sertão tem um luar bonito
Nuvens azuis e brancas, com estrelas,
Só em pensar, até queremos vê-las,
Na imensidão do seu céu infinito
Quando o poeta usa o inaudito
Pra versejar em sua inspiração
Em referência ao belo do sertão
Chega a pensar-se seja apenas mito.
Mas não é mito, é realidade,
Até o chão rachado tem beleza,
Todo propósito da natureza
Está regido pela divindade
Prevalecendo toda a vontade
De um poder supremo que nos ama
E a todo instante sobre nós derrama
Esse potencial, a humildade.
(3o. pág. 193)