A arte de tecer coisas inúteis

Não tenho tempo para você, poesia.

Teria eu, com tantas coisas para fazer,

tempo para a arte de tecer coisas inúteis e

flertar e amar sem um objetivo definido?

Você não precisa de mim poesia.

Tão pouco eu, homem sério

cheio de afazeres e compromissos

teria tempo para poesia. Utopia.

Como incluir você no meu dia a dia?

Que prazer eu teria?

De que me servem suspiros, pausas e sonhos?

Para que você serve poesia?

Seria você a água fresca para o tempo quente que me assola?

Seria você alento para o meu peito cansado?

O silêncio que a minha mente procura? Ou a música...

Sim, lembro-me. Talvez a música, mas...

Ah! Poesia... Há muito me esqueci...

Foi-se o tempo que eu te ouvia.

Desliguei o rádio, matei os pássaros, tampei meus ouvidos.

Mas, meu coração, poesia, às vezes,

insiste em bater e prega-me peças.

Bate em outro compasso, muda de sintonia...

Já sei. É você de novo: poesia.