Tarde vazia.
Em meu arcabouço
bate um coração
de uma rua vazia.
As sombras parecem
faze-la morta.
Parece ter sido enforcada
numa praça.
Com uma plateia
de alcateais.
O carrasco pensativo
cumpre o ato final.
Risos hilários
ressoam, em aspirais.
Ecos chegam aos meus
ouvidos frios, falidos, doentes.
Em meu peito
bate um coração
de uma rua vazia.
Amorfa, nuviosa, sombria.
À tarde lenta esvai-se
enfadada no aguardo.
De um novo tardar.