No tempo das marés

Atormenta-me!

Seca o suor que de mim escorre

Com tua boca

De olhar o tempo das marés

Em viço.

Alucina-me!

Seca as minhas

As tuas lágrimas

Que não te deixam sentir

As palavras que de mim escorrem

Em versos.

Embriaga-me!

Da gota mais saliente da saliva tua

Escuta o som do silêncio meu

A percorrer o teu corpo

Como um navio em naufrágio.

Resguarda-me!

Do meu corpo que morre

Na alma da sepulta terra

Sem o toque que é teu

Ressuscita-me!

Das sombras do que fizemos de nós

Quando não nos havíamos tido

Perdoa-me!

Das nossas bandeiras hasteadas

Das nossas ânsias naufragadas

Erguem-se e quedam-se

Lanças

Ao amor

Que não vivemos.