NÓS, EM PROFUNDIDADE
Trago-te, ao amanhecer,
Um favo de sorrisos,
Que vem do olhar amoroso
Não do corpo amante...
Trago-te, nas tardes garoentas,
Uma rosa rubra entre os seios,
Que brota da alegria
Não do corpo esbrazeado...
Trago-te, nas noites estreladas,
Rara umidade nos lábios entreabertos,
Que nasce da verve das palavras
Não do corpo extasiado...
Trago-te, nas madrugadas de brisa,
Um longo cafuné entre meus braços,
Que chega da ternura plenilúnia
Não do corpo de desejos renovado...
Trago-te o amor.
Trago-me em amor para ti.
Trago-nos imersos nas mesmas águas claras
De repouso e gozo.
Pois que,
Para além de tudo,
Nascemos de um encantamento
Não do incêndio de um momento.
imagem: google