Não existem olhos como os teus
Não existem olhos como os teus
Encostados, expostos ao horizonte
Semicerrados olhos de maresia
Aportados num distante país
Onde meus pés cansados
Não alcançam...
Não existem mãos como as tuas, amor
Longínquas mãos
De linhas que se cruzam
Entrelaçadas
As minhas com as tuas
Nas noites de nossas horas mortas
De nós.
Escuta o soar da tua terra que é minha, amor
Aperta a terra com as mãos
De descobridor ferrenho
Lança tua nau ao mar
Do amor das encostas
Não existe boca como a tua, amor
De desvendar segredos
Por onde o coração bate.
Aporta tua nau em meu peito, amor
Vem,
Vem tranquilo, vem sedento
Vem morrendo de amor e de febre
Não existe querer como o nosso, amor
A tempestade
Não são as marés
A tempestade
Somos nós.