ÊMBOLO
Quero aprender com outros o que posso ser,
saber se a solidão absoluta existe e se acalma,
perder do zelo o excesso, ouvir e conviver.
Quero entender rastros e sombras que candeias
grafam, permanentes, nas paredes de minh'alma,
deixar que flutuem sem adernar os barcos nas veias.
Quero escrever poemas em alva cal
no amanhecer embebedado de lua e sol,
rabiscar seu nome no chão do meu quintal.
Quero convencer-me entre linhas desta lida
que me quero útil com meus versos, no arrebol
entregar-me à pedra no moinho da vida.
Quero fazer nos extremos da poesia em unguento
que entendam minha incapacidade de administrar
o êmbolo que de mim expulsa o sentimento.
Dalva Molina Mansano
10:25
18.10.2014