MIRTES E A ORDEM DO VENTRE
Havia mais do que estrelas
Caindo
Havia abusos
Debaixo da pedra surgindo
Os anciões golpearam
As verdades
Estavam se prostituindo
Trouxeram as ministras
Do fado
Um fauno pra executar
Cantigas
Víboras na cerca
E um abutre preso
Sobre uma corrente
Erguia olhos carnívoros
Olhando as nuas vítimas
De capuz escuro
Que vinham orar
Pelo prazer destinado
Aos vales escondidos
No ritual dos hermitas
A colina oferece destinos
Encruzilhadas
E um túnel que não leva
Ao lugar do fim
P’ras luzes surgirem
Surge antes Démon
E as crituras lobinas
Sua calda em fogo
Escolhe a “sorte do poente”
Sua cor preferida
A faz gozar em prantos
Alegres perante as outras
Que viram cinzas
Entre garras e pêlos
Eretos de seus filhos
A que o sol deixou ruiva
Uiva agora transforma
Sua caça povoou
Seu espírito
Escapa pelo viés
Da entrada
Segue os trilhos
Se aproxima de novo
Do rítimo frenético
Das que dançam
Alegres esperando
os duendes da fauna
ascenderem a pira
perto da tina
que o carvalho
perfuma se perfura
desce doses pequenas
em gotas sorvidas
como o orvalho
de seus amantes
que ficam a espera
na floresta
se alucinam
não podem entrar
no circulo
norteado pelas trepadeiras
cercas
que o espinho tem
um veneno antigo
brilha no escuro
seu furo coleta
na dor da vítima
o sabor da agonia
p’ra puriificar a alma
abre a porta do inferno
que interno vive
perdido
o cajado armado de foice
do ancião soldado
corta as raízes profundas
da mirra agri-doce
avisa a descida do mago
entre os anjos
dedos de raios
pulverizam o odor
que seu leito deve ter
avista na penumbra
escondida
a que descende da neve
um manto com gosto
de larva
esconde um Deus
que nada pede
o solo é um antigo
pomar sagrado
não pode ofender
as mortas-fantasmas
juízes da Áura
que ainda famintas
pela chama do visco
que as uvas moldam
o banquete
deixaram esconder de todas
a Única
de todas que usaram
as túnicas
a dela era uma rosa-púrpura
talvez o sangue ainda
vertia entre as luas
mas desta vez
ela gritou pelo
fim do nunca...