Pintura
Pintura (Eu nunca tive nada)
Eu já tive mil casos
sensações, singulares
distintos momentos
quadros realistas
abstratos, não tão vivos
cinzentos, multi coloridos
que foram únicos
no instante num segundo
eternos
jurei amar eternamente,
sangrei.
Na tela viva a tinta escorreu.
Borrou. Desertei
Apaguei. Venci
Me redesenhei. Recomecei.
Desacreditei,
porém fui enfeitiçada
amei de novo,
cada nova descoberta
única, peculiar
um mundo novo multicor
pro meu capricho refazer a nuance
pintura a óleo vibrante
recomeçar a pintar
na minha tela sonhar.
Tudo mudou
o dia escureceu; a noite passou
o instante me abandonou;
do zero novamente.
Sozinha
minha tela borrada jazia
entrecortada solidão
alguém batia na porta; eu abriria?
Ninguém poderia mudar a minha vida.
Foi muito amor
foi amargo exílio
foi pintura intimista
nudez prevista
gozo intenso
foi doce sentimento
pele, fogo, devaneio ao vento
foi verdadeiro e não passou de ilusão
e o tudo que eu tinha se desintegrou
um mundo infinito de casos passageiros
em nada se tornou.
A tela em branco ficou.