Pintura

Pintura (Eu nunca tive nada)

Eu já tive mil casos

sensações, singulares

distintos momentos

quadros realistas

abstratos, não tão vivos

cinzentos, multi coloridos

que foram únicos

no instante num segundo

eternos

jurei amar eternamente,

sangrei.

Na tela viva a tinta escorreu.

Borrou. Desertei

Apaguei. Venci

Me redesenhei. Recomecei.

Desacreditei,

porém fui enfeitiçada

amei de novo,

cada nova descoberta

única, peculiar

um mundo novo multicor

pro meu capricho refazer a nuance

pintura a óleo vibrante

recomeçar a pintar

na minha tela sonhar.

Tudo mudou

o dia escureceu; a noite passou

o instante me abandonou;

do zero novamente.

Sozinha

minha tela borrada jazia

entrecortada solidão

alguém batia na porta; eu abriria?

Ninguém poderia mudar a minha vida.

Foi muito amor

foi amargo exílio

foi pintura intimista

nudez prevista

gozo intenso

foi doce sentimento

pele, fogo, devaneio ao vento

foi verdadeiro e não passou de ilusão

e o tudo que eu tinha se desintegrou

um mundo infinito de casos passageiros

em nada se tornou.

A tela em branco ficou.

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 16/10/2014
Reeditado em 19/11/2019
Código do texto: T5001303
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