QUEM SABE AGORA
Quem sabe agora eu possa compor,
o meu lirismo poético campesino;
que emana do cheiro suave da flor,
ou do manso rio a correr cristalino;
ao labor diário do tosco pescador,
ou do cavaleiro sobre o seu equino.
O meu lirismo poético campesino,
a nutrir-se da paz dos lindos campos;
do gado que pasta o capim franzino;
da noite povoada pelos pirilampos;
do poema que se faz sem prévio tino,
pescando em sonhos os hipocampos.
Que emana do cheiro suave da flor,
aromatizando as plantas orvalhadas;
em meio a manhã de morno albor,
na alegria dos pássaros em revoadas;
vendo as algas de aquático verdor,
nutrindo os peixes em rasas beiradas.
Ou do manso rio a correr cristalino,
por entre a flora de diversos matizes;
quando da ermida se escuta o sino
soar em baixos badalos tão felizes;
ante a presença do monge beneditino,
sendo fiel às suas campestres raízes.
Ao labor diário do tosco pescador,
que ancora a canoa na beira do rio;
sob o sol da tarde de pouco calor,
depois da chuva refrescando o estio;
olhando ao céu sendo grato ao Senhor,
pelos peixes pescados com o seu suor.
Ou do cavaleiro sobre o seu equino,
cavalgando num dia qualquer de lazer;
levando na garupa o seu filho menino,
voltando pra casa antes do anoitecer;
até porque esse lírico poema campesino,
Deus e eu, acabamos agora de fazer!