MIRTES E A LEVIANA DE SÁCIAS 
 
 
A parte dos sonhos
Que ela  gostava
Era nunca saber
Quem com ela viajava
Porque as paradas
Entre as estações
sempre outonas
Nunca chegavam no lugar
Acorda desprevinida
Dos cigarros
Que faltam
Borralhos amaldiçoados
Pela raiva do vício
Esperam ela sair
se volta p'ra o que usar
seu batom também
são apenas estojo
nada contém
o vai e vem da
boca ressecada de angústia
precisa ter outro hálito
que não esse seu
hábito abotoado
despregado das coisas
que a fazem pensar melhor
deita de novo
o amante ainda mais novo
dorme durante
todo passeio pela sala
de volta ao quarto
e os sapatos jogados
nada sente
orgulho de ter visitado
seu corpo indecente
ela usava um colar apenas
na espera
um simbolo austral
entre o peito
e suas pernas
de tíbia ovalar
perfeita
p’ra quem espreita
ser delicado
ao olhar dentro da caverna
que guarda sempre
outro fascínio
além do belo simbolo
deixado pra ser visto
e adorado
até que tudo por perto
tenha um calor de sobrevida
ausente
que a entrada na porta
o perfume  já conhecido
pressente
vingará a dor de mágoas
que são águas tragadas
junto ao cigarro
que agora falta
 o corredor de mosaicos
em cores neutras
três pinturas sacras iguais
não se iluminam
 “flores mortas desde o princípio”
somente enfeitam
não satisfaz
seu ego a princípio quer pecar
manhã anoitada
pela falta do sol
nuvens negras
tempestade a vista
desabará em águas
um banho nobre
sobre o que queima
e é pobre do que sente
as pratarias do boticário
prateleiras músicais
dos relicários
não tocam seu íntimo
quanto seu íntimo
quer ser tocado
havia músicos de uma
 orquestra
num delírio fantasiado
de palco

um deles que nada toca
a serve de maços
contidos de sabor
a toca investido
das notas previsíveis
dança uma valsa traída
ela adorava o fervor
e as coisas polidas
do amor deixado
há um beco sem saída
sem saída quer ele amado
impera o juízo
da adultera
que nunca sofre do pecado
as palavras ditas
as vizinhas mal ditas
das "janelas fechadas"
não possuem o tesão
que ela sentia
“quem dormia
era um enfermo vingado”
o cavalheiro por inteiro
não só lhe abraçava
permitia que a música
fosse seu coração pulsante
e tudo que nela queimava.