BORDU’S

 
Logo depois de deixar
Suar como se tivesse
Curtindo
Aqueles pingos
Diabólicos no chão
Restou levantar as folhas
Ressentidas
Também  úmidas
De tinta
Algumas entre elas
Podiam ainda serem
Lidas
De outra forma
Que não sua forma
Escrita
Corria seus olhos agudos
Por todos os lados
Queria encontrar
Quem despejou
“Luzes mágicas”
Nas coisas investidas
de sua personagem
ela não tinha coragem
pr’a dessecar os ossos
colidos de todos
seus restos
as coisas que sorvo
o cuidado que tenho
a mescla das criaturas
vivas
com as coisas mortas
do meu passado
algumas tolices
em que o ponto
precisa encenar
a proeza do conto
apenas deixar outra cortina
a mais pro ouvidor
das virgulas
que tenterá exclamar
na pergunta seguinte
que faço
desaba as convictas
razões da escrita
em dedos parecendo
cançados
um corpo todo sem graça
exagerei demais na bebida
foi sempre o mesmo
copo das noites servido
nada a mais
me permito
preciso somente sentir-me
aliviado do que solito
esta luz baixa
a vela acesa
porque será que volto
ao que deixei
porque não queria
deixar escrito
era tarde demais
pra quem seria poupado
tinha agruras demais
nos sonhos da figura
que saia da tela
enquanto  pintava
Era tarde da manhã
A mesma roupa
Jogada ainda manchada
Um cadeira benzida
Sabia o que carregava
Os sapatos surrados
Admitiam todo tempo
Os percalços e as faltas
Que o zelo devia
Caído na sua fraqueza
A beira da guarda
Que a cama não protege
De ter ofendido
Sua face
Acordada apenas
Nos olhos
Sono profundo inquieta
Até mesmo o abismo
Conversa
Ecos de uma pedra jogada
Mesa do jogo
Agora sem nada
O torcedor
Isolado
Num campo de peças
Faltando
Tentava entender tudo
De longe
Desce ao longo das escadas
Escadas contavam
Também vestígios
Rubros entre cinzas
Cinzas de fumo
Cada parada deixava
O odor lá de cima
O homem que acenava
Distante tentava
Avisar sobre o caso
Havia um vaso quebrado
Havia antes estilhaços
A via diante era o espaço
Vozes diante
Da ponte quebrada
Porteiros se perguntam
Oficiais ressaltam
Ninguém ultrapasse...