A Estranha Dama do Moinho

A estranha dama no moinho, girando, por labirintos andando,

desafiando a vida, gemendo sobre as feridas

enrubesceu a face pálida, engoliu as lágrimas passadas.

A vida desengonçava fingindo estar bem, num mundo de desdém,

mostrava-lhe os sorrisos que na noite eram tecidos, no lugar do gotejar de lagrimas; sorrisos

artificiais, que ela distribuía na terra dos mortais.

No moinho virou pó, a cabeça fez nó, pés cansados, seguiu só;

labirinto e escuridão, cólera e insatisfação, e de tanto se arrastar a dama veio a cansar.

Gemidos, cárcere e dor, a dama não suportou;

saindo do moinho, enfim, do pó, a dama emendou-se, do labirinto livrou-se,

encontrando a saída; trilha nova... Caminho onde há luz, onde a brisa tocou-lhe a alma,

curando feridas e, lhe devolvendo o novelo de lã chamado paz... Divina esperança.

E agora todos os dias e noites a estranha dama sorri e canta.