Das Poesias Nefastas e Sombrias

A poesia às vezes sombria

como a alma noturna

que cala e vislumbra

o silêncio distante das estrelas,

o sorriso intrigante da esfinge,

o mistério antigo das pirâmides,

o amor proibido de Édipo,

as flores dos jardins babilônicos,

os rifes da guitarra de Hendrix,

o piado sinistro da coruja,

os símbolos herméticos da magia,

as cores aquareladas do fim do dia,

o revoar depressa do beija-flor,

a sensação fulgurante do amor;

a poesia às vezes sombria

como o verso negro do necromante

que invoca fórmulas infernais,

que recita estrofes e feitiços

que são macabros como a dor dos mitos,

que são aziagos como os ecos do grito,

que são nefastos como a voz do erudito,

que são funéreos como o rito maldito

de descalabro, obnóxio mortífero;

a poesia às vezes sombria

como a inércia controversa da alegria.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 12/10/2014
Código do texto: T4996152
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