Anátema de Trovador
De súbito uma atônita inspiração
e a poesia metamorfoseou-se em mim
como um casulo de palavra-borboleta
em cores inóspitas de um coração.
Comiserou-se a letra pálida e o poema
arquitetou-se como estrofe ignota
em tão fluiu do verbo a nova nota
que dedilhada foi tal qual canção serena.
Harmonizou-se e transmutou-se a flor
em um planeta alquímico de pensamento,
poetizou-se a felpuda rosa escarlate
eternizando, polinizando esse momento;
e o poeta desanuviou-se em explanação
d’algum mistério que intrigou o trovador
em seu anátema interior que enfeitiçou
as mil donzelas que espreitavam-no pelas estrelas.