A rima que não se faz

Rua abaixo

Rio acima

Não faço

Nem desfaço

Da minha rima.

Fogo subindo a ladeira

Madeira levada, propina

No desafogo do poema

Inventei minha rima.

Vento que sobe a montanha

Beijando o coqueiro na praia

É sopro na teia da aranha

É vento que levanta saia

Chuva que chega torrencial

E entope o ralo, é temporal

Vaza e quase se cala

Somente o poema fala!

Mato que cresce

Esconde os pecados

De quem padece

E a rima arrefece

Rei sem rainha

Coroa sem pedestal

De súbito a tardinha

Traz a noite pro quintal.

Não faço

Nem desfaço

Minha rima

É doce feito melaço

Poema sem ponto final...

José Benício
Enviado por José Benício em 10/10/2014
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