A rima que não se faz
Rua abaixo
Rio acima
Não faço
Nem desfaço
Da minha rima.
Fogo subindo a ladeira
Madeira levada, propina
No desafogo do poema
Inventei minha rima.
Vento que sobe a montanha
Beijando o coqueiro na praia
É sopro na teia da aranha
É vento que levanta saia
Chuva que chega torrencial
E entope o ralo, é temporal
Vaza e quase se cala
Somente o poema fala!
Mato que cresce
Esconde os pecados
De quem padece
E a rima arrefece
Rei sem rainha
Coroa sem pedestal
De súbito a tardinha
Traz a noite pro quintal.
Não faço
Nem desfaço
Minha rima
É doce feito melaço
Poema sem ponto final...