Eu Não Sou Nada


Eu não sou nada.
Ou mais um carro parado
Nesse imenso engarrafamento
Seguindo  o mesmo caminho.

Caminho onde eu não sou nada.

Alguns ocupam-se tanto
Com o brilho da lataria,
A gasolina aditivada,
E os frisos dos pneus.

Não sabem que não são nada.

E com ou sem GPS,
Ninguém sabe onde vai dar
O final dessa jornada.

Jornada onde eu não sou nada.

Talvez valha a pena a paisagem
Que passa pela janela
Ante meus olhos dormentes,
Se eu ao menos pudesse
Dar-me ao luxo inusitado
De um dia, contemplá-la...

Mas de fato, ela só passa,
Só passa pela janela
E fica em algum lugar
Esquecida nessa estrada.

Estrada onde eu não sou nada.


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/10/2014
Reeditado em 21/01/2020
Código do texto: T4993868
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