Eu Não Sou Nada
Eu não sou nada.
Ou mais um carro parado
Nesse imenso engarrafamento
Seguindo o mesmo caminho.
Caminho onde eu não sou nada.
Alguns ocupam-se tanto
Com o brilho da lataria,
A gasolina aditivada,
E os frisos dos pneus.
Não sabem que não são nada.
E com ou sem GPS,
Ninguém sabe onde vai dar
O final dessa jornada.
Jornada onde eu não sou nada.
Talvez valha a pena a paisagem
Que passa pela janela
Ante meus olhos dormentes,
Se eu ao menos pudesse
Dar-me ao luxo inusitado
De um dia, contemplá-la...
Mas de fato, ela só passa,
Só passa pela janela
E fica em algum lugar
Esquecida nessa estrada.
Estrada onde eu não sou nada.